Startup brasileira usa IA para combater fraudes elétricas e é destaque em programa global da EDP

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Flavio Sartori

Fox IoT, do Rio Grande do Sul, vai testar sua tecnologia no Espírito Santo como parte de iniciativa global da EDP para acelerar a transição energética

A startup brasileira Fox IoT, com sede em Santa Maria (RS), foi uma das oito selecionadas mundialmente para participar do Energy Starter, programa global de inovação aberta promovido pela multinacional de energia EDP. A iniciativa visa acelerar a adoção de tecnologias que contribuam para a transição energética. O projeto da Fox IoT propõe o uso de inteligência artificial e imagens de satélite para identificar ligações elétricas irregulares — um dos principais desafios relacionados às chamadas perdas não técnicas de energia.

A tecnologia será testada em uma prova de conceito (PoC) em uma área de cerca de 50 km² nas cidades de Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo, onde a EDP atua como concessionária de energia elétrica. A expectativa é que a solução ajude a reduzir as perdas em até 20%, aumentando a eficiência da rede e contribuindo para um sistema energético mais sustentável.

“Ter uma startup brasileira entre as selecionadas é interessante, pois além de desenvolvermos uma solução para nossos desafios locais, ela também poderá colaborar com unidades da EDP em outros países”, destaca Rafaella Fatureto, gestora de Inovação da EDP na América do Sul.

A Fox IoT é a única representante brasileira nesta fase do Energy Starter, que realiza seu bootcamp nos dias 26 e 27 de maio. No encontro, as startups trabalharão lado a lado com especialistas da EDP para acelerar o desenvolvimento de projetos-piloto. Em seguida, no dia 28 de maio, acontece o Open Day, evento transmitido ao vivo de Lisboa, Portugal, que apresentará os resultados iniciais das iniciativas e abordará o impacto da inovação no setor energético.

Desde 2022, nenhuma startup brasileira havia sido selecionada para o módulo “Redes do Futuro”, que nesta edição inclui, além da Fox IoT, startups de países como Reino Unido, Alemanha, França e Estados Unidos. As empresas foram escolhidas após um processo seletivo que envolveu pitches online e reuniões com equipes de inovação da EDP em várias geografias.

A Fox IoT propõe uma abordagem inovadora e escalável para um problema crônico no setor elétrico: as perdas não técnicas, que incluem furtos e fraudes em ligações de energia. Através da análise de imagens de satélite combinada com modelos de aprendizado de máquina, a startup consegue identificar indícios de ligações irregulares, permitindo ações preventivas por parte das distribuidoras.

Após o bootcamp, a EDP irá financiar o desenvolvimento dos projetos-piloto das startups, oferecendo acesso a dados, infraestrutura e suporte técnico. O objetivo é transformar essas soluções em parcerias comerciais de longo prazo, com potencial de replicação em outras regiões e países.

Além do módulo atual, focado em redes elétricas inteligentes, o Energy Starter terá etapas futuras dedicadas a Soluções para Clientes, Energias Renováveis e Hidrogênio Verde. Desde sua criação, o programa acumula mais de 150 projetos-piloto realizados, 40 implementações comerciais e 30 investimentos de capital de risco, totalizando cerca de 140 milhões de euros em negócios gerados.

Confira as startups selecionadas nesta fase:

• Camlin (Reino Unido) – Monitoramento online para prevenir falhas em transformadores de potência.

• Earthgrid (EUA) – Tunelamento com plasma para infraestrutura subterrânea.

• Fox IoT (Brasil) – Detecção de fraudes elétricas por IA e imagens de satélite.

• Phoenix Boring (EUA) – Construção de linhas subterrâneas sem escavação aberta.

• Repath (Alemanha) – Modelagem de risco climático e adaptação de redes.

• Sensewaves (França) – Modelagem em tempo real de redes elétricas.

• Toumetis (EUA) – Prevenção de falhas com análise de dados de rede.

• Voltquant (Reino Unido) – Assistente virtual com IA para planejamento energético.

A presença da Fox IoT no Energy Starter reforça o potencial da inovação brasileira em contribuir para desafios globais — e evidencia como a tecnologia pode ser uma aliada estratégica na construção de um futuro energético mais seguro, eficiente e sustentável.