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imagem gerada por IA |
O setor automotivo brasileiro chegou ao mês de junho com números mistos: enquanto os emplacamentos e as exportações registraram fortes avanços, a produção de veículos recuou, levantando preocupações entre os fabricantes.
A marca simbólica de 1 milhão de veículos emplacados foi atingida no dia 3 de junho — uma semana antes do registrado no ano passado — sinalizando um bom ritmo de vendas no mercado interno. Em maio, os emplacamentos de veículos cresceram 8,1% em relação a abril, alcançando 225,7 mil unidades. No acumulado do ano, já são 986,1 mil veículos vendidos, alta de 6,1% sobre o mesmo período de 2024.
Outro destaque foi o desempenho das exportações, que atingiram 51,5 mil unidades em maio, melhor resultado mensal desde agosto de 2018. O total exportado em 2025 já supera 200 mil unidades — número que no ano passado só foi alcançado em julho — representando uma expressiva alta de 56,6%.
No entanto, o bom desempenho em vendas internas e externas não se refletiu na produção. Em maio, foram produzidas 214,7 mil unidades, uma queda de 5,9% em relação a abril. Apesar de representar um crescimento de 28,8% frente a maio de 2024, a comparação é afetada por uma base de produção comprometida pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no ano passado. No acumulado de 2025, a produção ainda é 10,6% maior, somando 1,025 milhão de unidades.
Para Igor Calvet, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o recuo na produção é um sinal de alerta. “Tivemos bons resultados de exportações em função do aquecimento do mercado argentino, e uma boa média diária de vendas domésticas em maio, de 10,7 mil unidades. O recuo na produção, porém, indica perda de participação de vendas para os importados, além de certa cautela dos fabricantes em relação à expectativa de vendas nas próximas semanas”, avaliou.
O setor de caminhões segue em queda, registrando retrações de 2,1% em relação a abril e de 4,2% na comparação com maio de 2024. A elevação da taxa de juros continua afetando especialmente os segmentos de caminhões pesados e extrapesados.
Outro dado relevante foi o avanço na participação de veículos híbridos e elétricos, que atingiu 10,4% dos emplacamentos em maio — o maior percentual da série histórica, com 22,3 mil unidades vendidas.
Por outro lado, as importações também cresceram e passaram a ocupar espaço significativo no mercado brasileiro, com 190 mil unidades importadas no acumulado do ano, sendo 39,7 mil somente em maio. Os veículos estrangeiros representaram 54% do crescimento do mercado em 2025, com destaque para os automóveis, onde responderam por 65% da alta.
Calvet fez um alerta especial sobre a entrada de modelos asiáticos: “Há um saudável aumento do fluxo comercial com a Argentina, mas no caso dos modelos vindos da China, verificamos um ingresso atípico, beneficiados por uma taxação bem inferior à que vemos em outros países produtores, o que gera uma perigosa distorção em nosso mercado”.
Diante do cenário, o setor se vê otimista com as vendas, mas preocupado com a competitividade e o equilíbrio produtivo diante do avanço das importações e das incertezas econômicas.
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