Mercado de capitais movimenta R$ 328,4 bilhões no 1º semestre e registra segunda maior marca da série histórica

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Flavio Sartori

As ofertas no mercado de capitais brasileiro movimentaram R$ 328,4 bilhões no primeiro semestre deste ano, segundo dados divulgados pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). O volume representa o segundo maior valor já registrado para o período na série histórica da entidade, embora apresente uma leve retração de 4,6% em relação ao mesmo intervalo de 2024.

O mês de junho impulsionou o resultado semestral ao alcançar a maior captação mensal do ano: R$ 81,9 bilhões – alta de 19,1% na comparação com junho do ano passado.

De acordo com Cesar Mindof, diretor da ANBIMA, o cenário doméstico de juros elevados e a instabilidade internacional têm mantido a renda fixa como protagonista no mercado. “Debêntures incentivadas, notas comerciais e FIDCs se destacaram nesta primeira metade do ano e devem continuar puxando os resultados no segundo semestre”, afirma.

As debêntures continuam sendo o principal instrumento de captação, somando R$ 192,7 bilhões no semestre – uma redução de 6,8% em relação ao mesmo período de 2024. Os recursos foram, em sua maioria, destinados a projetos de infraestrutura, que concentraram 38,5% do volume.

Dentro desse segmento, as debêntures incentivadas pela Lei 12.431 responderam por 39% das emissões e atingiram R$ 74,5 bilhões – o maior volume semestral da série histórica para essa categoria.

No mercado secundário, as debêntures também ganharam força: foram R$ 410,1 bilhões negociados, alta de 22,6% e novo recorde. Segundo Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da ANBIMA, o número evidencia a maturidade do instrumento. “Já superamos em mais que o dobro o volume do mercado primário, o que mostra a importância crescente das debêntures para o financiamento de longo prazo”, ressalta.

As notas comerciais apresentaram crescimento expressivo de 127,7%, totalizando R$ 29,5 bilhões – o maior patamar da série para o período. Já os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) também bateram recorde com R$ 40,6 bilhões captados, alta de 8,9% em relação ao ano anterior.

Segundo a ANBIMA, o volume médio por operação de FIDCs ficou em R$ 81,5 milhões, o menor entre os instrumentos analisados, o que sugere uma maior participação de empresas de menor porte nessa modalidade de captação.

Os certificados de recebíveis apresentaram queda no primeiro semestre. Os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) totalizaram R$ 23,7 bilhões (-28,9%) e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), R$ 14,2 bilhões (-26,9%).

No cenário internacional, as empresas brasileiras captaram US$ 17,2 bilhões em renda fixa no mercado externo, o maior volume para o primeiro semestre desde 2014. As companhias foram responsáveis por quase metade desse valor (US$ 8,4 bilhões). Os títulos com prazo de 6 a 10 anos representaram 44,4% das emissões.

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