A Revolução da IA no Brasil: avanços, desafios e o caminho para o futuro

Pesquisa 

Flavio Sartori

A inteligência artificial (IA) está remodelando o cenário empresarial brasileiro em um ritmo sem precedentes. Dados recentes revelam que a adoção da IA no país atingiu a marca de 40% das empresas, um salto significativo de 29% em relação ao ano anterior. Esse crescimento, que representa mais de 9 milhões de empresas incorporando a IA em suas operações, sinaliza uma transformação digital profunda e com impactos notáveis na economia nacional.

As empresas que abraçaram a IA estão colhendo frutos substanciais. Uma pesquisa aponta que 95% delas registraram aumento de receita, com um crescimento médio de 31%. Além disso, 96% observaram melhorias significativas na produtividade. Esses ganhos estão permitindo que as empresas otimizem o atendimento ao cliente (66%), invistam no treinamento de funcionários (59%) e desenvolvam novos produtos e serviços (56%).

O otimismo em relação ao futuro é palpável: 89% das empresas que adotaram a IA acreditam que a tecnologia impulsionará seu crescimento no próximo ano, e 85% esperam uma redução de custos.

Reconhecendo o potencial transformador da IA, o governo brasileiro lançou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) em junho de 2025. O plano visa orientar o desenvolvimento ético, seguro e sustentável da IA no Brasil, com investimentos previstos de até R$ 23 bilhões em quatro anos. As diretrizes abrangem desde o incentivo à pesquisa e ao treinamento de talentos até a aplicação da IA no setor público para melhorar serviços essenciais.

Paralelamente, o Congresso Nacional debate o Projeto de Lei (PL 2338/2023) para regulamentar a IA, espelhando a Lei de IA da União Europeia. A expectativa é que o Brasil se torne uma das primeiras nações latino-americanas a ter uma regulamentação abrangente, proporcionando um ambiente regulatório favorável ao crescimento e à inovação.

Embora a adoção da IA seja ampla, uma divisão digital se acentua. A maioria das empresas brasileiras (62%) permanece nos níveis mais básicos de uso da IA, focando em ganhos incrementais de eficiência. Apenas 12% atingiram o estágio mais transformador, integrando a IA de forma abrangente em suas operações.

As startups brasileiras, no entanto, são as grandes impulsionadoras da inovação. Mais da metade (53%) utiliza IA, e 22% afirmam que a tecnologia é fundamental para seus modelos de negócios. Cerca de 31% estão desenvolvendo novos produtos ou serviços baseados em IA, e 37% empregam talentos específicos em IA, superando a média nacional em usos avançados.

Em contraste, grandes empresas (60% de adoção) e Pequenas e Médias Empresas (PMEs) (38% de adoção) ainda utilizam a IA de forma mais superficial. Para 80% das grandes empresas, o foco é em eficiências básicas, e apenas 7% alcançaram o estágio transformador. As PMEs, que representam a maior parte do cenário empresarial, enfrentam barreiras como a falta de recursos técnicos e financeiros, apesar de 95% delas que adotaram a IA relatarem um aumento médio de 20% na receita.


Quatro barreiras principais impedem a plena adoção da IA no Brasil:

1. Habilidades: A lacuna de habilidades digitais é o maior desafio, com 46% das empresas apontando-a como um obstáculo. Embora 48% dos empregos exijam habilidades em IA nos próximos três anos, apenas 32% das empresas se sentem preparadas.

2. Conformidade Regulatória: Empresas brasileiras gastam 24% de seus custos com tecnologia em conformidade regulatória, e 81% esperam que esse valor aumente, o que pode desestimular investimentos.

3. Incerteza Regulatória: Menos de um terço (28%) das empresas estão familiarizadas com os debates sobre a Lei de IA. A falta de clareza e a constante mudança nas regulamentações criam um ambiente de incerteza para investimentos.

4. Custos Percebidos: 40% das empresas citam os custos iniciais como uma barreira, e 43% precisam de uma compreensão mais clara do retorno sobre o investimento da IA.


Para superar esses desafios e aproveitar todo o potencial da IA, o Brasil precisa focar em três prioridades estratégicas:

1. Ambiente Regulatório Favorável: Criar uma estrutura regulatória clara, estável e pró-inovação que reduza a incerteza e os custos de conformidade.

2. Capacitação: Expandir os esforços de qualificação para suprir a demanda por talentos em IA, com parcerias entre governo, setor privado e instituições educacionais.

3. Adoção pelo Setor Público: Priorizar a transformação digital em setores como saúde e educação, e usar contratos públicos para impulsionar a inovação e aumentar a confiança nas tecnologias de IA.

Com ações estratégicas e colaboração entre os setores, o Brasil tem o potencial de se tornar um líder global em IA, impulsionando o crescimento inclusivo e fortalecendo sua posição na economia digital global.

Com dados da pesquisa "Desbloqueando o potencial de IA no Brasil - 2025", desenvolvida pela AWS e apresentada durante o AWS Summit em São Paulo.

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