Comércio volta a crescer em julho, mostra Serasa Experian

Flavio Sartori

Depois de registrar a maior queda do ano em junho, o comércio brasileiro voltou a mostrar fôlego em julho. O Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian apontou avanço de 0,3% em relação ao mês anterior — o mesmo ritmo registrado em janeiro.

O resultado foi impulsionado principalmente pelo segmento de Veículos, Motos e Peças, que cresceu 1,2%. Também colaboraram os Supermercados, Hipermercados, Alimentos e Bebidas, com alta de 0,6%. Por outro lado, setores como Combustíveis e Lubrificantes (-0,4%) e Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios (-1,6%) registraram retração.

Para a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, o desempenho positivo não elimina os desafios do varejo.

“Apesar da alta no setor de veículos em julho, o segmento vem mostrando oscilações nos últimos meses. Os juros elevados restringem o crédito e afetam especialmente setores que dependem de financiamento, como eletrodomésticos e móveis. Já o consumo básico segue sustentado por um mercado de trabalho aquecido e ganhos salariais reais”, avalia.

Segundo ela, a tendência para o segundo semestre é de desaceleração gradual, com perda de força nos setores mais sensíveis às condições de crédito.

Na comparação anual, o comércio físico cresceu 3,4% em julho de 2025, frente ao mesmo mês de 2024. O destaque foi o setor de Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios, que avançou 5,3% — sua segunda maior alta no ano.

Os demais segmentos também fecharam em terreno positivo:

  • Material de Construção: +5,0%

  • Combustíveis e Lubrificantes: +4,3%

  • Móveis, Eletrodomésticos, Eletroeletrônicos e Informática: +4,2%

  • Supermercados, Hipermercados, Alimentos e Bebidas: +2,6%

  • Veículos, Motos e Peças: +2,5%

Mesmo com o resultado, Abdelmalack ressalta que o varejo dá sinais de perda de ritmo em relação ao fim de 2024, quando os números chegaram a picos de crescimento. “A força extra vinda de políticas de suporte à renda vai se dissipando, enquanto os juros continuam altos e freiam o consumo financiado”, explica.

A leitura do indicador reforça que o varejo deve seguir dividido: de um lado, o consumo básico, sustentado pela renda e pelo emprego; de outro, os setores mais dependentes de crédito, que enfrentam condições menos favoráveis.

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