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Em um movimento estratégico que redesenha o mapa da indústria espacial europeia, as gigantes Airbus, Leonardo e Thales assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) para combinar suas atividades espaciais em uma nova e unificada empresa. O objetivo é criar um *player* europeu de peso, com a massa crítica necessária para competir globalmente, assegurando a autonomia estratégica da Europa em um setor cada vez mais vital.
O anúncio conjunto, formalizado nesta semana, detalha a intenção das três corporações de unir suas capacidades em fabricação de sistemas espaciais, satélites e serviços. A nova entidade reunirá o que há de mais avançado em tecnologias complementares, desde infraestrutura espacial até serviços completos, excluindo apenas os lançadores. A expectativa é que a nova empresa inicie suas operações em 2027, após aprovações regulatórias e o cumprimento de outras condições de fechamento.
A motivação central da fusão reside na necessidade de fortalecer a posição da Europa no cenário espacial. O setor é considerado essencial para a segurança nacional e para infraestruturas críticas, abrangendo telecomunicações, navegação global, observação da Terra, ciência e exploração. Ao unir forças, Airbus, Leonardo e Thales pretendem atuar como parceiras de confiança no desenvolvimento e implementação de programas espaciais soberanos nacionais.
A nova companhia é projetada para ser um agente de aceleração da inovação. Ela combinará e reforçará investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para futuros produtos e serviços.
"A proposta desta nova empresa representa um marco decisivo para a indústria espacial europeia. Ela materializa nossa visão compartilhada de construir uma presença europeia mais forte e competitiva em um mercado espacial global cada vez mais dinâmico," declararam em comunicado conjunto Guillaume Faury, CEO da Airbus; Roberto Cingolani, CEO e Diretor-Geral da Leonardo; e Patrice Caine, Presidente e CEO da Thales.
Os executivos destacaram que a parceria está alinhada às ambições dos governos europeus de fortalecer seus ativos industriais e tecnológicos, garantindo a autonomia do continente no domínio estratégico do espaço.
A nova empresa será robusta em termos de escala e capacidade financeira. Com base em dados pró-forma do final de 2024, o faturamento anual projetado é de aproximadamente **€6,5 bilhões**. A carteira de pedidos atual equivale a mais de três anos de vendas projetadas, conferindo estabilidade e previsibilidade ao novo empreendimento.
A entidade combinada empregará cerca de 25.000 pessoas em toda a Europa, aproveitando a expertise de classe mundial das três empresas.
A estrutura acionária será compartilhada sob um modelo de controle conjunto e governança equilibrada, sendo Airbus com 35%, Leonardo com 32,5% e Thales com 32,5%
As contribuições específicas para a nova entidade incluem:
- Airbus: Seus negócios de Space Systems e Space Digital, provenientes da Airbus Defence and Space.
- Leonardo: Sua Divisão Espacial, incluindo participações na Telespazio e na Thales Alenia Space.
- Thales: Principalmente suas participações na Thales Alenia Space, Telespazio e Thales SESO.
O projeto é visto como um gerador de sinergias operacionais e financeiras significativas. A combinação deverá gerar sinergias anuais totais de centenas de milhões de euros no lucro operacional, a serem alcançadas cinco anos após a conclusão da operação.
Além do impacto financeiro, o novo player tem como objetivos estratégicos:
1. Fomentar a Inovação: Aproveitar as capacidades conjuntas de P&D para liderar missões espaciais em todos os domínios.
2. Aumentar a Competitividade: Alcançar massa crítica para consolidar a Europa como protagonista no mercado internacional.
3. Liderar Programas Inovadores: Oferecer soluções integradas para clientes e programas soberanos europeus e nacionais, tanto civis quanto militares.
4. Fortalecer o Ecossistema Europeu: Trazer mais estabilidade e previsibilidade ao cenário industrial e ampliar oportunidades para fornecedores europeus de todos os portes.
O processo de criação da nova empresa inclui a consulta aos representantes dos colaboradores das três empresas, de acordo com as legislações nacionais e acordos coletivos aplicáveis. A conclusão da transação está sujeita às condições habituais, incluindo as aprovações regulatórias.
A expectativa é que a nova empresa esteja plenamente operacional em 2027, marcando o início de uma nova era para a indústria espacial europeia. O projeto promete não apenas impulsionar a eficiência e a criação de valor, mas também oferecer novas oportunidades de carreira e desenvolvimento de competências para seus 25 mil colaboradores.

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