Apenas 3 supermercados e 12 frigoríficos atingem Alto Nível de Controle contra o desmatamento, revela Radar Verde
![]() |
| imagem divulgação |
Um novo relatório do Radar Verde, divulgado nesta quarta-feira, revela que a maioria das empresas do setor de carne bovina no Brasil ainda falha em controlar efetivamente a origem do gado para evitar o desmatamento. Apenas 3 redes de supermercados e 12 frigoríficos demonstraram um alto nível de controle, e mesmo assim, apenas sobre as fazendas fornecedoras diretas.
O estudo, que analisou 151 grupos frigoríficos e as 100 maiores redes varejistas do país, aponta uma lacuna crítica: nenhuma das empresas conseguiu comprovar controle sobre as fazendas de cria e recria, conhecidas como fornecedoras indiretas. Este elo da cadeia produtiva é considerado o mais vulnerável à entrada de gado proveniente de áreas desmatadas, permanecendo "invisível" para as grandes corporações.
Entre os varejistas, GPA, Assaí e Carrefour destacaram-se com os melhores resultados, baseados na análise de dados públicos. No setor de frigoríficos, 12 empresas, incluindo líderes como Marfrig, Masterboi e JBS, compõem o grupo de melhor desempenho, representando 41% da capacidade de abate em 2024. A avaliação considerou tanto as políticas declaradas contra o desmatamento quanto a implementação prática, verificada por auditorias independentes e informações públicas.
Apesar do controle ainda ser baixo, o relatório indica avanços significativos na transparência das informações. O número de frigoríficos que tornaram públicos os resultados de auditorias independentes triplicou, passando de 13 em 2024 para 41 em 2025. Isso abrange 57% da capacidade de abate na Amazônia Legal, um aumento considerável em relação aos 37% do ano anterior. Empresas como Plena Alimentos, Frigobom, Naturafrig e Frialto também começaram a divulgar critérios socioambientais mais detalhados em seus sites oficiais.
Esse aumento na transparência é atribuído, em parte, à ampliação das auditorias ligadas ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Carne e à autorregulação SARB 026/2023 da Febraban, que passaram a exigir maior divulgação de indicadores e resultados socioambientais das empresas. A Plena Alimentos, por exemplo, respondeu voluntariamente ao questionário do Radar Verde pelo segundo ano consecutivo, demonstrando um compromisso com a transparência.
No entanto, Alexandre Mansur, diretor do Radar Verde pelo Instituto O Mundo Que Queremos, alerta: “As empresas já entendem a importância da transparência, mas ainda precisam transformar compromissos em prática para reduzir o risco ambiental e comercial de suas cadeias”. Paulo Barreto, pesquisador do Imazon e coordenador do Radar Verde, complementa: “Como nenhum frigorífico ou varejista comprova ter controle sobre as fazendas fornecedoras indiretas, a pecuária brasileira continua exposta ao desmatamento ilegal e à pressão internacional.”
A metodologia do Radar Verde combina análise documental e evidências públicas para medir o nível de compromisso e implementação das políticas anti-desmatamento. Os critérios incluem controle de Cadastro Ambiental Rural (CAR), regularidade fundiária, uso de listas de exclusão/inclusão de fornecedores e a data limite de desmatamento considerada. Os dados gerados pelo Radar Verde são ferramentas valiosas para empresas, investidores e formuladores de políticas, orientando decisões de compra, crédito e investimento mais responsáveis e ajudando a mitigar riscos associados ao desmatamento.

Comentários
Postar um comentário