Brasil alcança o menor patamar histórico de insegurança alimentar.

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 Flavio Sartori

O Brasil registrou um marco significativo na luta contra a fome e a insegurança alimentar, atingindo em 2024 o menor patamar histórico, igualando o recorde estabelecido em 2013. Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), aplicada na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (PNADc) do 4º trimestre de 2024, revelam que 8,8 milhões de pessoas foram incluídas na segurança alimentar e dois milhões saíram da situação de fome no último ano.

A proporção de domicílios em insegurança alimentar grave caiu para 3,2% em apenas dois anos de governo. Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, celebrou as conquistas: "Em 2025, o Brasil celebra duas conquistas históricas: a saída do Mapa da Fome e a redução da insegurança alimentar grave ao menor nível da série histórica do IBGE". O ministro destacou ainda a rapidez da recuperação: "Levamos dois anos para reconquistar uma marca que, no passado, levou dez anos (2003-2013) de construção de políticas públicas para ser alcançada. Precisou o presidente Lula voltar para reconstruir o país e melhorar a vida do povo".

Em termos absolutos, a redução da fome tirou dois milhões de pessoas dessa condição em apenas um ano, comparado a 4,1% de domicílios em insegurança alimentar grave em 2023. A melhoria foi observada em todas as regiões do país, tanto em áreas rurais quanto urbanas, e abrangeu todos os níveis de insegurança alimentar – leve, moderada e grave.

O percentual de segurança alimentar no Brasil subiu de 72,4% em 2023 para 75,8% em 2024, representando a inclusão de 8,8 milhões de pessoas nesse patamar em um único ano. Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, afirmou que "Os dados da Ebia 2024, divulgados agora pelo IBGE, apontam na mesma direção que o Mapa da Fome da FAO/ONU e reforçam as evidências de que a fome está diminuindo rapidamente no Brasil".

Em julho deste ano, o Brasil já havia celebrado sua saída do Mapa da Fome da Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), após a redução do índice de prevalência de subalimentação para menos de 2,5% da população. Burity ressaltou que "O Brasil aprendeu a enfrentar a fome. A forte redução da insegurança alimentar no primeiro ano de governo mostrou que o país construiu uma estratégia emergencial e eficiente de redução da fome. O Plano Brasil Sem Fome, lançado em 2023, consolidou essa estratégia".

O Plano Brasil Sem Fome é uma iniciativa abrangente que inclui 80 ações e mais de 100 metas, focando em:
- Aumento da renda disponível para a compra de alimentos.
- Inclusão em políticas de proteção social.
- Ampliação da produção e do acesso a alimentos saudáveis e sustentáveis.
- Informação e mobilização da sociedade, de outros poderes e de outros entes federativos para a erradicação da fome.

A proporção de domicílios com algum grau de insegurança alimentar no país recuou de 27,6% para 24,2% entre 2023 e 2024, o que significa 2,2 milhões de lares a menos nessa condição. Detalhadamente, a insegurança alimentar leve caiu de 18,2% para 16,4%; a moderada, de 5,3% para 4,5%; e a grave, de 4,1% para 3,2%.

As regiões Norte (37,7%) e Nordeste (34,8%) ainda apresentam as maiores proporções de insegurança alimentar nos três níveis, com o grau mais grave atingindo 6,3% e 4,8% dos domicílios, respectivamente. A insegurança alimentar é mais prevalente em áreas rurais (31,3%) do que em zonas urbanas (23,2%).

Perfil dos Domicílios Afetados

- Gênero do Responsável: Três em cada cinco lares (59,9%) com insegurança alimentar tinham mulheres como responsáveis, enquanto homens estavam à frente em 40,1%.
- Cor/Raça do Responsável: Pessoas pardas eram responsáveis por mais da metade dos lares em insegurança alimentar (54,7%), seguidas por brancas (28,5%) e pretas (15,7%). Em casos de insegurança alimentar grave, a participação de responsáveis pardos subiu para 56,9%, mais que o dobro da parcela de responsáveis brancos (24,4%).
- Escolaridade do Responsável: A parcela de domicílios em insegurança alimentar grave com responsáveis que tinham até o ensino fundamental completo foi de 65,7%. Em contraste, 64,9% dos lares em segurança alimentar tinham responsáveis com ao menos o nível médio incompleto.
- Idade dos Moradores: A insegurança alimentar diminui com o aumento da idade. A população de 0 a 4 anos (3,3%) e de 5 a 17 anos (3,8%) convivia com insegurança alimentar grave, enquanto na população de 65 anos ou mais, essa proporção foi de 2,3%.
- Renda: Dois em cada três (66,1%) domicílios com renda per capita de até um salário mínimo estavam em insegurança alimentar. Essa proporção sobe para 71,9% entre lares com até um salário mínimo per capita no grau moderado ou grave.


A pesquisa classifica a insegurança alimentar em três níveis:

- Insegurança alimentar leve: Preocupação ou incerteza quanto ao acesso a alimentos e redução da qualidade para não afetar a quantidade.
- Insegurança alimentar moderada: Falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos entre adultos.
- Insegurança alimentar grave: Falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos também entre menores de 18 anos. Nesta situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.

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