Crianças e Adolescentes brasileiros mergulham na inteligência artificial: Estudo revela usos e desafios digitais

 

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Flavio Sartori

A inteligência artificial (IA) generativa já faz parte do dia a dia de 65% das crianças e adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos! Isso é o que revela a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025, lançada hoje pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Os jovens estão usando a IA para tudo: desde ajudar nos estudos até criar conteúdo e até mesmo desabafar sobre suas emoções.

Pela primeira vez, o estudo investigou o uso de IA generativa e os números são impressionantes. Quase 60% dos jovens (59%) usam a tecnologia para pesquisas escolares ou para estudar. Mas não para por aí: 42% buscam informações gerais, 21% criam textos e imagens, e 10% até conversam com a IA sobre problemas pessoais ou sentimentos.

É claro que, quanto mais velhos, mais familiarizados os adolescentes estão com a IA. Entre os de 15 a 17 anos, por exemplo, 68% usam a ferramenta para estudos, contra 37% das crianças de 9 a 10 anos. Essa diferença se repete em outras atividades, mostrando que a IA se torna uma companheira digital conforme a idade avança.

Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, destacou a importância de monitorar esse fenômeno: “A inteligência artificial generativa está cada vez mais presente nas práticas digitais cotidianas. Incluímos esse novo indicador para entender como crianças e adolescentes estão usando essas tecnologias, gerando evidências que ajudem a formular políticas e ações para sua proteção, bem-estar e desenvolvimento.”

O celular continua sendo o rei do acesso à Internet para 96% dos jovens. A maioria (74%) usa o aparelho várias vezes ao dia. Mas uma mudança significativa foi notada: após a sanção da Lei nº 15.100/2025, que restringe o uso de celulares nas escolas, o acesso à Internet no ambiente escolar caiu de 51% em 2024 para 37% em 2025. Em casa, a conexão é constante: 84% dos jovens se conectam à rede “várias vezes ao dia”.

No total, 92% das crianças e adolescentes brasileiros (o que representa 24,5 milhões de pessoas) são usuários de Internet, um número que se mantém estável em relação ao ano anterior.

O WhatsApp lidera o ranking das plataformas mais acessadas, com 53% dos jovens usando-o várias vezes ao dia. YouTube (48%), Instagram (48%) e TikTok (46%) vêm logo em seguida. A pesquisa mostra que 85% dos jovens têm perfil em pelo menos uma dessas plataformas, e esse número chega a quase 99% entre os adolescentes de 15 a 17 anos.

Assistir vídeos é uma das atividades preferidas: 46% assistem a vídeos de influenciadores digitais várias vezes ao dia, 35% veem séries e filmes, e 29% buscam tutoriais para aprender coisas novas. Luísa Adib, coordenadora da pesquisa, comenta: “As atividades multimídia, especialmente assistir a vídeos, estão entre as práticas mais realizadas por crianças e adolescentes. Nesta edição, ampliamos o monitoramento para entender os tipos de vídeos acessados.”

Mais da metade dos usuários de Internet de 11 a 17 anos (55% nas redes sociais, 52% em sites de vídeos e na televisão) teve contato com publicidade online. Os formatos mais comuns são influenciadores abrindo embalagens de produtos (66%) ou ensinando a usá-los (65%).

Um dado preocupante é a exposição a vídeos de pessoas divulgando jogos de apostas: 53% dos jovens de 11 a 17 anos tiveram contato com esse tipo de conteúdo, sendo que entre os adolescentes de 15 a 17 anos, esse número sobe para 63%. Além disso, 21% dos jovens de 11 a 17 anos já fizeram alguma compra ou gastaram dinheiro para avançar em jogos online.

Os pais também percebem o impacto: 45% dos responsáveis afirmam que seus filhos tiveram contato com propaganda inadequada para a idade, e 51% das crianças e adolescentes pediram produtos após ver anúncios na Internet. A personalização dos anúncios é sentida por 65% dos jovens, que concordam que pesquisar sobre um produto aumenta a quantidade de propagandas sobre ele.

Os dados revelam uma alta exposição de crianças e adolescentes a conteúdos mercadológicos online, muitas vezes disfarçados de entretenimento. A percepção dos jovens sobre a personalização de anúncios acende um alerta sobre a necessidade de desenvolver a literacia midiática e de dados desde cedo”, alerta Alexandre Barbosa.

Quando o assunto é segurança online, pais e responsáveis buscam orientação com os próprios filhos (50%) e com familiares ou amigos (48%). Há um forte apoio mútuo: 31% dos jovens ajudam seus pais em atividades online, e 44% dos pais conversam com os filhos sobre o que fazem na rede.

Renata Mielli, coordenadora do CGI.br, reforça o compromisso: “A TIC Kids Online Brasil reafirma o compromisso do CGI.br em promover um ambiente digital mais seguro e inclusivo. A pesquisa ajuda a sociedade e o governo a compreender as novas dinâmicas do comportamento dos brasileiros de 9 a 17 anos e a subsidiar políticas públicas e ações educativas mais eficazes.”

A 12ª edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil entrevistou presencialmente 2.370 crianças e adolescentes (9 a 17 anos) e seus responsáveis em todo o Brasil, entre março e setembro de 2025. O estudo segue as diretrizes do projeto Global Kids Online (UNICEF) e da rede Kids Online América Latina.

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