Fraudes por Deepfake disparam 700% no Brasil, ameaçando operações corporativas

imagem gerada por IA

Flavio Sartori

As fraudes utilizando tecnologia deepfake, que manipula digitalmente voz, imagem ou vídeo para simular pessoas reais, registraram um aumento alarmante de 700% entre o primeiro trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025 no Brasil. Dados de um relatório global de segurança digital da Sumsub revelam que o país enfrenta incidentes cinco vezes mais frequentes do que os Estados Unidos, posicionando-o na vanguarda dos ataques digitais globais.

Recentemente, a gravidade dessa ameaça foi evidenciada pela Operação Holograma no Amazonas, deflagrada pela Polícia Civil. A operação resultou na prisão de indivíduos responsáveis por golpes milionários que utilizavam a clonagem de biometrias faciais. Vítimas relataram o financiamento de veículos em seus nomes com documentação falsificada por inteligência artificial, marcando o primeiro caso de deepfake de alta sofisticação no estado, conforme a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).

José Miguel, gerente de pré-vendas da Unentel, alerta que o deepfake transcendeu o status de risco distante e agora impacta diretamente as rotinas corporativas. "Hoje existem golpes em que a voz ou a imagem de executivos são clonadas para autorizar pagamentos ou liberar acessos", afirma Miguel. Ele enfatiza a necessidade de "protocolos de verificação mais rígidos, uso de múltiplas camadas de autenticação e treinamento constante das equipes", visando criar uma cultura preventiva dentro das empresas.

Relatórios e casos como o da Operação Holograma demonstram que os golpes de deepfake não se limitam mais às redes sociais, mas atingem setores estratégicos como fintechs, bancos, tecnologia e serviços digitais, onde a confiança externa é um pilar fundamental.

Para combater essa crescente ameaça, especialistas recomendam a implementação de medidas preventivas:

1. Verificação Multicanal: Sempre confirme instruções sensíveis (como transferências de alto valor ou mudanças de titularidade) por meio de múltiplos canais de comunicação já validados e seguros (telefone, videochamada, presencial).
2. Ferramentas de Análise de Identidade Sintética: Utilize softwares e serviços capazes de detectar deepfakes, analisando padrões de voz, inconsistências visuais, metadados de arquivos e histórico de comportamento.
3. Treinamento e Simulados Internos: Capacite equipes de finanças, compliance, TI e jurídico para reconhecerem os sinais de deepfake e realize exercícios simulados de ataque para identificar vulnerabilidades.
4. Governança e Política Interna Clara: Estabeleça protocolos formais para lidar com casos suspeitos, definindo quem acionar, como registrar provas e como colaborar com as autoridades.

"A prevenção é hoje a principal defesa. Investir em tecnologia, conscientizar colaboradores e estruturar protocolos claros de resposta são passos essenciais para evitar que os deepfakes avancem dentro das empresas", conclui José Miguel.

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