Polícia Civil de SP ajuda mais de 300 vítimas de crimes virtuais e alerta para ameaças online

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da Redação

O Núcleo de Observação e Análise Digital (NOAD) da Polícia Civil de São Paulo revelou ter resgatado 312 vítimas de crimes virtuais que envolviam, em sua maioria, a exploração de adolescentes em ambientes digitais. O dado foi apresentado pela Delegada Lisandréa Salvariego Colabuono, chefe do NOAD, durante o Congresso de Operações Policiais – COP Internacional, realizado na capital paulista.

A apresentação da Dra. Colabuono detalhou o trabalho técnico do núcleo no combate e na prevenção de tragédias relacionadas à exposição de jovens, destacando a complexidade das redes criminosas que atuam em plataformas de fácil acesso.

A Delegada Colabuono alertou que o ambiente de atuação desses criminosos não se restringe à dark web, mas se manifesta em plataformas populares como TikTok, Instagram e Telegram, além de chats de jogos online. Segundo a chefe do NOAD, a repetição diária dos casos ocorre, principalmente, durante a madrugada, sem um perfil definido para autores ou vítimas.

"A dinâmica dos crimes, em geral, começa com o que a delegada chamou de "namoros virtuais" em jogos online, evoluindo rapidamente para extorsões e abusos.
“Quando a vítima compartilha fotos ou vídeos íntimos, inicia-se um ciclo de ameaças, humilhações e, muitas vezes, evoluem para exigências de automutilações e estupros virtuais”, afirmou Colabuono.

A gravidade desses crimes tem levado a desfechos trágicos, sendo o suicídio a segunda maior causa de morte entre jovens no Brasil, conforme citado pela delegada. A falta de letramento digital dos pais para compreender a seriedade da situação foi um dos pontos de alerta.

Vinculado à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o NOAD mantém uma estrutura de monitoramento e investigação especializada em crimes virtuais que afetam menores de idade. A intervenção estatal, que resultou no salvamento das 312 vítimas, é o maior impacto do trabalho do núcleo, segundo a delegada.

Não tem como não se emocionar quando, de madrugada, conseguimos evitar uma tragédia ligando para os pais e pedindo que verifiquem o quarto da filha. Quando percebemos que o servidor de um agressor cai, isso não tem preço”, concluiu Colabuono.

O núcleo atua com protocolos padronizados para atendimento e investigação, com um enfoque humanizado e integrado a varas especializadas. Além da repressão, o NOAD também realiza campanhas educativas e palestras em escolas e empresas, defendendo que a sociedade precisa saber identificar os sinais e enxergar no Estado um "porto seguro".

O trabalho do NOAD é de alto risco, como relatado pela própria Delegada Colabuono, que já foi alvo de ataques virtuais, incluindo ligações e ameaças direcionadas à sua família. Ela explica que os agressores buscam status em comunidades cada vez mais violentas, sendo a perversidade um fator de ascensão na hierarquia dessas redes.

O Núcleo de Observação e Análise Digital apresentou um balanço de suas atividades recentes, que demonstra a intensidade do trabalho de monitoramento e repressão:
IndicadorQuantidade
Vítimas salvas pela intervenção estatal    312
Alvos monitorados748
Prisões realizadas42
Apreensões de adolescentes118
Acionamentos de outros estados127

Pais e familiares que suspeitem de algum risco relacionado ao uso de redes sociais por menores de idade podem buscar orientações através do e-mail do NOAD: .

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