Inteligência Artificial Muda Vidas na Periferia

imagem gerada por IA

Flavio Sartori 

Enquanto a Inteligência Artificial (IA) domina as manchetes globais, o acesso a essa tecnologia de ponta ainda é um privilégio para muitos. No entanto, na periferia de Pirituba, em São Paulo, um projeto está mudando essa realidade. O Quebrada TECH, iniciativa da ONG PAC (Projeto Amigos da Comunidade), está levando aulas de robótica, programação e IA para mais de 100 crianças e adolescentes, construindo uma ponte sobre a crescente lacuna digital.

A desigualdade no acesso à tecnologia é um desafio gritante no Brasil. Estudos mostram que menos de 30% dos jovens em áreas periféricas têm acesso regular a computadores e internet de qualidade. É nesse cenário que o Quebrada TECH atua, oferecendo um futuro mais inclusivo para jovens a partir dos 6 anos de idade.

"Aproximá-los desse universo é construir uma ponte para que eles reconheçam suas habilidades e possibilitar um futuro mais inclusivo e de oportunidades." — Rosane Chene, diretora da ONG PAC.

O projeto se divide em duas frentes principais, adaptadas para diferentes faixas etárias.
Para as Crianças (6 a 14 anos), o foco é em Robótica e Programação Básica, com o objetivo de desenvolver raciocínio lógico, criatividade e capacidade de resolver problemas de forma prática e divertida.
Já para os Jovens (16 a 24 anos), o foco é em Inteligência Artificial Avançada, visando a formação profissional e o uso prático de ferramentas de IA para otimização de trabalho e gestão de projetos (dentro do programa "Jovem com Futuro").
Para os mais novos, as aulas de robótica são um convite à experimentação. Histórias como a de Sillas Barbosa Miranda, de 12 anos, ilustram o impacto. Sillas, que frequenta o PAC desde os 6 anos, descobriu sua paixão pela robótica após um experimento simples.
"Ele usou uma batata para produzir energia e ficou encantado. Disse que queria fazer robótica na vida. Criou um jogo, programou tudo sozinho...", conta Jucilene dos Santos Miranda, mãe de Sillas. O entusiasmo é tanto que Sillas agora ajuda a mãe em casa, ensinando-a a usar aplicativos e programas.

Para os jovens de 16 a 24 anos, o Quebrada TECH se integra ao programa "Jovem com Futuro", focando em Inteligência Artificial. As aulas, ministradas pelo professor voluntário Robson Oliveira, um profissional de TI, desmistificam a IA e a transformam em uma ferramenta acessível.

Os alunos aprendem a criar apresentações automatizadas, músicas colaborativas, avatares realistas e até mesmo a programar robôs de atendimento. Eles também exploram o uso de ferramentas de IA para gerenciamento de projetos, conectando a tecnologia diretamente às demandas do mercado de trabalho.

"A proposta das aulas é mostrar que a Inteligência Artificial não é algo distante, mas uma ferramenta que pode estar nas mãos de qualquer jovem. É bonito ver como a curiosidade se transforma em autonomia." — Robson Oliveira, professor voluntário de IA no Quebrada TECH.

Ítalo Daniel Rodrigues Barbosa, de 16 anos, é um dos alunos que se surpreendeu com o conteúdo. Ele se inscreveu no programa para fortalecer o currículo e encontrou na IA um novo campo de curiosidade.

"Criamos um programa de assistente virtual capaz de atender diferentes contextos, desde organizar mapas mentais até montar apresentações. É algo que faz a gente perceber como essa tecnologia pode ser útil no dia a dia e no futuro profissional", explica Ítalo.
Para ele, o projeto vai além da sala de aula: "Eu entendo que ela pode ser uma aliada pra crescer, estudar e conquistar oportunidades", finaliza o jovem, que agora enxerga a tecnologia como um caminho real para o sucesso.

O Quebrada TECH prova que, com a iniciativa certa, a tecnologia de ponta pode e deve chegar a todos, transformando a periferia em um celeiro de talentos e inovação.

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